Raikkonen traz bad boys de volta à F1 e briga por novo título improvável

Com posturas polêmicas, finlandês tenta reverter classificação desfavorável como fez em 2007

Kimi Raikkonen não vence uma corrida na Fórmula 1 desde 30 de agosto de 2009, quando ainda estava na Ferrari e foi o primeiro colocado do Grande Prêmio da Bélgica. Mesmo assim, passados três anos, o finlandês é candidato a conquistar o título, justamente na temporada em que volta à categoria.


Depois de dois anos (2010 e 2011) dedicados aos ralis, Raikkonen cedeu às investidas da Lotus (que começaram em 2011, quando o time ainda era Lotus Renault GP) e acertou seu retorno à disputa. Personagem peculiar da Fórmula 1, o finlandês trouxe de volta à categoria seu mau-humor e seu talento. Hoje, passadas 16 das 20 etapas da temporada, Kimi ainda não venceu, mas segue com chances de faturar seu segundo título mundial.

Ao longo de 80% da temporada, Raikkonen não conquistou nem mesmo uma pole position. Porém, subiu ao pódio em seis ocasiões (foi segundo em três etapas e terceiro em outras três) e só não pontuou em uma, na China (foi 14º). Com 167 pontos, é o piloto mais regular do ano, superando Fernando Alonso (209 pontos, com dois abandonos) e Sebastian Vettel (215 pontos, com um abandono). Lewis Hamilton, com três abandonos, tem 153 pontos.

Contra suas chances matemáticas, estão os 36 pontos somados nas últimas quatro provas, contra 75 de Sebastian Vettel. "A diferença para Sebastian no Mundial é bastante grande, então vai ser difícil alcançá-lo. Mas continuaremos pressionando", afirmou o finlandês no último domingo, após o quinto lugar no Grande Prêmio da Coreia do Sul, em declarações publicadas pelo site oficial da Fórmula 1.

Uma olhada superficial sobre o ano de Raikkonen dá a impressão de que o finlandês briga pelo título "por acidente". Pelo contrário: de volta à categoria máxima do automobilismo mundial, ele ressurge obstinado, com um bom carro. Assim, garante que não pretende ser apenas um competidor e que quer brigar pelo título. "Não importa se sou segundo ou o décimo, não há nenhuma diferença. Preferia não ser segundo ou terceiro e não ter que ir a entrega de prêmios. Não há diferença entre ser segundo ou quinto, se não ganhar", afirmou.

Não por acaso, Raikkonen ganhou força no mercado de pilotos. Diante do mau desempenho de Felipe Massa na primeira metade da temporada, o finlandês foi um dos inúmeros cotados para assumir a vaga do ex-companheiro, justamente pela equipe pela qual conquistou seu título mundial em 2007. E nem fez questão de ser político com o brasileiro: "não tenho sentimentos ruins e tive bons momentos com o time", declarou.

A Lotus, por sua vez, deixou claro que conta com o piloto para 2013, fazendo valer seu contrato - e é bem provável mesmo que seu futuro seja na equipe preta e dourada. "Eu tenho um bom relacionamento com a equipe, todos estão trabalhando 100% e são pessoas que gostam mais de corridas do que de política", comentou Raikkonen em setembro, mas sem encerrar as especulações. "Gosto de trabalhar com eles e estou feliz aqui, mas nunca se sabe o que acontece no futuro", completou.

A favor da permanência de Kimi, pesa a liberdade que o piloto tem dentro da equipe e a evolução da própria Lotus em relação à temporada 2011. Exemplo disso foram as declarações de Kimi após o terceiro lugar no GP da Bélgica, em que conseguiu seu terceiro pódio seguido na temporada. "Não foi uma corrida muito boa para nós. Não foi um dia fácil para mim, pois o carro não estava exatamente do jeito que eu queria. Lutei para fazer o meu melhor e conseguimos alguns pontos importantes. Isso foi o principal", criticou.

Para quem está na categoria, toda essa "sinceridade" de Raikkonen chega até a causar estranheza. "Ele tem essa personalidade que a Lotus não deixa esconder, o que o torna único. Apesar de eu não ser muito fã de suas atitudes perante às oportunidades que ele tem na vida, acho ele um piloto fantástico e muito talentoso. Acredito que, se ele se dedicasse um pouco mais, iria fazer ainda melhor na sua carreira", analisou Luiz Razia, ex-piloto de testes de Virgin (atual Marussia) e Caterham, e escalado pela Force India para pilotar entre os novatos em 2012. Ao Terra, o piloto baiano classificou a volta do finlandês à F1 como "fantástica": "ele tem sua própria personalidade, mas acredito que é um cara muito respeitado por todos".

Possibilidades nem tão reais na volta?
O único bad boy da atualidade na Fórmula 1, seguidor de uma linhagem que teve nomes como James Hunt, não voltou ao pódio desde a prova em Spa-Francorchamps, mas não deixou o protagonismo. No GP do Japão, foi o sexto colocado após um toque na largada que tirou Fernando Alonso da prova. O espanhol se irritou "por ser azarado", mas segundo o jornal espanhol Marca, Kimi nem ligou: "não me importo com os outros". De quebra, ainda chamou de "lixo" a teoria conspiratória de um toque proposital, levantada pela imprensa espanhola.

Com a série de maus resultados desde a Bélgica, Raikkonen não figura na lista de favoritos de Razia para o campeonato. "A chance de titulo não existe. Ele não tem carro para competir", disse o brasileiro. "Acho que ele, com um carro bom, provavelmente estaria disputando o titulo para valer. Mas, no momento, o carro está limitando", completou.

Aos 32 anos, Raikkonen não deve ter uma carreira longa na Fórmula 1 pela frente. Ele mesmo já admitiu que deverá voltar aos ralis após deixar o circo pela segunda vez. Até lá, porém, deve continuar surpreendendo a imprensa e os companheiros pelas declarações que dá - como no GP do Brasil de 2006, em que perdeu o encontro entre Pelé e Michael Schumacher porque, nas próprias palavras, "estava cagando".

Até lá, porém, o finlandês tem a chance de conquistar mais títulos, a começar por 2012. A missão de Kimi Raikkonen até o final da temporada agora é complicada, e o bicampeonato só virá caso ele tire os 48 pontos de vantagem que Sebastian Vettel tem na liderança nas próximas quatro corridas. Parece complicado, mas também era em 2007, quando o então finlandês da Ferrari chegou a ter 18 pontos de desvantagem para Lewis Hamilton (70 a 52) no décimo GP da temporada. Nada que sete pódios seguidos no fim da temporada e a vitória no Brasil não fossem capaz de reverter, para desespero da McLaren.

Fonte:Terra

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