Antes do GP do Japão, quem poderia
acreditar que Fernando Alonso ficaria fora da corrida na primeira curva?
Pois é, foi exatamente o que aconteceu. O espanhol exagerou na largada,
tocou a roda traseira esquerda na asa dianteira de Kimi Raikkonen, teve
o pneu furado e acabou abandonando a prova. A sorte de campeão, que
parecia estar com o piloto da Ferrari, mudou de lado: foi para Sebastian
Vettel, que cortou a desvantagem no campeonato para apenas quatro
pontos. O alemão da RBR foi perfeito na corrida em Suzuka: fez a pole,
manteve a ponta na largada, liderou a prova inteira, fez a melhor volta e
venceu. Foi o chamado “Grand Chelem”, algo raro na Fórmula 1, o segundo
da carreira do alemão na categoria (o primeiro foi no GP da Índia de
2011, em Nova Déli). E confirmou a equipe austríaca na briga no momento
certo do campeonato.
Vettel foi perfeito durante toda a
corrida. Pouco antes da primeira parada e no início do segundo trecho da
prova, o alemão da RBR perdeu um pouco de terreno para Felipe Massa, o
segundo colocado em Suzuka. Mas foi algo calculado: o plano do bicampeão
era fazer com que o brasileiro desgastasse demais seus pneus na ânsia
de brigar pela liderança. Ele soube acelerar e administrar nos momentos
corretos. A melhor volta, marcada na penúltima passagem, deixou seu
engenheiro desesperado, com medo que algum erro pudesse estragar a
corrida. Mas Vettel manteve a cabeça no lugar, o carro na pista e venceu
a prova com 20s639 de vantagem para o rival mais próximo. Um triunfo
como os do ano passado, o que comprova o talento do alemão.
Se a Ferrari teve motivos para lamentar
com Alonso, não dá para dizer o mesmo de Felipe Massa. O brasileiro fez
uma corrida como há tempos não se via. A começar pela largada, quando
ele pulou bem e ainda conseguiu evitar toda a confusão da primeira curva
– causada, mais uma vez, por Romain Grosjean, da Lotus. Em quarto,
ficou mais tempo na pista com o primeiro jogo de pneus e aproveitou a
primeira rodada de pit stops para superar Kamui Kobayashi e Jenson
Button. Massa assumiu a segunda posição e rumou tranquilo para o pódio,
que não frequentava desde o GP da Coreia do Sul de 2010. O fim do jejum
pode ser a renovação de contrato com a equipe italiana para 2013,
especulada para acontecer antes da prova em Yeongam, na próxima semana.
Mas a maior festa do domingo em Suzuka
foi a de Kamui Kobayashi. Com a terceira posição, após resistir a uma
forte pressão do inglês Jenson Button, da McLaren, nas últimas voltas, o
japonês se tornou o primeiro piloto do país a subir ao pódio desde
Takuma Sato no GP dos Estados Unidos de 2004, com a BAR, e o primeiro em
Suzuka desde Aguri Suzuki, da Larrousse, em 1990. O piloto da Sauber
levou as arquibancadas do circuito ao delírio e teve seu nome gritado
pelos torcedores após a bandeirada: “Kamui, Kamui, Kamui”. Uma bela
festa, mas que não garante o futuro do piloto na Fórmula 1: ele precisa
conseguir uma boa verba de patrocínio urgentemente para ter uma vaga em
2013 na categoria. O inédito pódio pode ajudar bastante na árdua tarefa.
O grande perdedor da corrida foi mesmo
Fernando Alonso. O espanhol, que planejava usar as últimas seis corridas
do ano para “minimizar os danos” e administrar a boa vantagem de 29
pontos, perdeu quase toda ela de uma vez só. Frio, o bicampeão se
precipitou na largada e pode ter jogado o campeonato fora com o toque em
Raikkonen no começo da prova em Suzuka. A Ferrari já está atrás da RBR
em termos de desempenho. E as dificuldades prometem aumentar ainda mais:
além da equipe austríaca, a McLaren também está à frente do time
italiano. Se antes da corrida em Suzuka Alonso chamou a possibilidade do
tri de um “pequeno milagre”, o espanhol terá de fazer agora um enorme
milagre para tentar o título na temporada 2012. Será que dá ainda?
O domingo não foi bom também para Bruno
Senna. Após a confusão da largada, acabou batendo na traseira de Nico
Rosberg, tirando o alemão da Mercedes da corrida. Os comissários da FIA,
que tiveram como convidado o ex-piloto inglês Derek Warwick, acabaram
considerando o brasileiro culpado e o punindo com um drive through (uma
passagem pelos boxes). Com a prova comprometida, ele acabou apenas em
14º. Para piorar, ainda viu o companheiro Pastor Maldonado chegar em
oitavo e fazer os primeiros pontos desde a vitória no GP da Espanha, em
maio. Quem também viveu um dia complicado foi Michael Schumacher.
Largando na 23ª e penúltima posição, o heptacampeão fez uma bela corrida
de recuperação, ganhou 12 posições, mas ficou em 11º, a um posto de
marcar pontos. O alemão, por todo o esforço que fez na prova em Suzuka,
merecia mais, sinceramente. E agora faltam só cinco GPs para sua segunda
e definitiva aposentadoria da Fórmula 1.
Fonte:Voando Baixo
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