Kimi Brasil

Kimi Räikkönen tinha o GP da Bélgica na mão neste domingo. Vinha em corrida perfeita, mas uma chuva no final, ainda que leve, fez o piloto perder o controle de sua Ferrari e deixar a vitória no colo de Lewis Hamilton. Ainda assim, quem levou os 10 pontos foi Felipe Massa, depois que a organização da prova decidiu punir o corredor da McLaren com 25 segundos e o derrubou para o terceiro lugar geral.
A sanção ao britânico foi determinada após investigação dos comissários, três horas depois do final da disputa. Eles entenderam que a ultrapassagem feita por Hamilton em cima de Räikkönen na penúltima volta não foi legal. Embora o piloto da McLaren tenha devolvido a primeira colocação, manteve-se em condição de repetir facilmente a ultrapassagem.

Com a punição, Hamilton caiu para o terceiro lugar. Quem se deu bem foi Massa, da Ferrari, que após enfrentar dificuldades durante o GP, havia terminado na segunda colocação. Nick Heidfeld herdou a segunda posição.

Além de perder o primeiro lugar, Hamilton, que havia disparado na liderança do Mundial, viu sua diferença em relação a Massa cair para apenas dois pontos, já que ele foi a 76 pontos e o brasileiro, a 74. Räikkönen, agora no quarto lugar, atrás ainda de Robert Kubica, estaciona nos 57 pontos e praticamente dá adeus à briga pelo bicampeonato.

A corrida em Spa Francorchamps já havia ganhado contornos dramáticos a duas voltas do final, quando começou a chover sobre o circuito. Räikkönen, que fazia prova impecável, foi ultrapassado por Hamilton e acabou batendo em um muro, ficando fora.

Massa foi quem melhor resumiu o GP: "Foi uma corrida maluca. A prova foi disputada pelos três carros. A segunda colocação caiu no meu colo", afirmou, antes de saber que acabaria levando o título da etapa.

A corrida

Apesar de a prova começar com tempo seco, a extensa pista de Spa Francorchamps, com seus mais de 7 km, tinha vários pontos úmidos, o que proporcionou um início de GP bastante cauteloso por parte de todos os pilotos. Quase todos, porque Kimi Räikkönen mostrou, logo de cara, que estava disposto a voltar à briga pelo título.

Pole position, Lewis Hamilton largou bem e logo abriu distância. Enquanto isso, não foram poucos os pilotos que saíram da pista na primeira curva, entre eles Felipe Massa, Kimi Räikkönen e Heikki Kovalainen. Para o corredor da McLaren, a derrapada custou caro, e ele perdeu dez posições. Já os pilotos da Ferrari travaram uma briga pela segunda posição, e Räikkönen levou a melhor, jogando Massa para o terceiro lugar.

Inicialmente, a equipe que mais se favoreceu da pequena confusão na largada foi a Renault. Fernando Alonso rapidamente saltou para a quarta posição. Nelsinho Piquet, por sua vez, ganhou seis postos e assumiu a sexta colocação.

Depois de abrir boa vantagem, Hamilton rodou na pista na segunda volta e perdeu muito tempo. Foi a deixa para Räikkönen, em ritmo fortíssimo, tomar a liderança da prova.

Enquanto os dois primeiros colocados travavam uma disputa pela volta mais rápida da prova, no bloco intermediário o que se via era uma boa corrida de recuperação por parte de Kovalainen. Aproveitando-se da boa potência da McLaren nas retas, o finlandês foi ultrapassando um a um até chegar ao sétimo posto após desbancar o polonês Robert Kubica. No momento em que ia tentar ultrapassar Mark Webber, porém, Heikki forçou tanto que o australiano acabou rodando na pista. O 'ímpeto' do finlandês foi punido com 10s nos boxes pela organização da prova.
Na 11ª volta, Lewis Hamilton abriu a temporada de paradas para reabastecimento. Na volta à pista, o britânico pegou muito trânsito, despencando para a sexta colocação. Já Kimi Räikkönen, que parou no giro seguinte, teve mais sorte no retorno, ficando atrás apenas de Alonso e Massa. O brasileiro teve um pit mais extenso, 7,3 s, e voltou em sexto, sempre com um carro pouco competitivo.

A corrida terminou na 13ª volta para outro brasileiro, Nelsinho Piquet. Com uma estratégia diferente, sinalizando apenas uma parada, o piloto da Renault vinha em 11º lugar, mas perdeu o controle do carro e bateu numa barreira de pneus, sem conseguir retornar.

Passada a primeira bateria de pit-stops, os pilotos da frente reassumiram suas posições iniciais: Räikkönen em primeiro, Hamilton em segundo, Massa em terceiro e Alonso em quarto. A essa altura, as surpresas da prova eram os carros da Toro Rosso: Sébastien Bourdais em quinto e Sebastian Vettel em sétimo.

Na 19ª volta, a despedida ficou por conta de Rubens Barrichello. Sacramentando um final de semana muito ruim da Honda na Bélgica, o brasileiro abandonou a prova. "Quando eu passei o Trulli, achei que tivesse perdido o câmbio todo, mas vi que era só a sexta marcha. Mas com esse câmbio não dá pra mudar de quinta para sétima. Aí o pessoal pediu pra parar, porque sem a sexta poderia até ficar perigoso", explicou Rubinho em entrevista à TV Globo.

Com Hamilton colado em Räikkönen, a atenção das equipes ficou dividida entre a briga pela liderança e a ameaça de chuva nas últimas voltas. Após longa espera, enfim começaram a cair os primeiros pingos, o suficiente para molhar a pista e incendiar a corrida, a duas voltas do final. Hamilton aproveitou o descontrole de Räikkönen e assumiu a liderança. Em seguida, o finlandês recuperou a ponta, mas voltou a rodar. Esquecendo que estava com pneus duros sob a chuva, o piloto da Ferrari não diminuiu a velocidade e acabou pagando caro. Foi parar no muro e viu seu rival vencer a prova (mas não levar).

Massa teve cautela e preferiu apenas levar o carro, garantindo a segunda colocação. Alonso entrou nos boxes para trocar de pneus e acabou ultrapassado no final por Nick Heidfeld, que terminou na terceira posição.